quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Da Palavra

De palavras

nasci das pedras

fui nomeada barro.

Cultivada, cresci

menina

mármore

Ana

argila

formei-me areia

deste vaso-vidro

nesta plena esfera.

 

Pequenina, bailei

nos jardins de letras

como pétalas

de borboletas no papel.

E cirandava rasa

entre as partituras

e a lágrima solta ao vento

sem julgamentos.

 

Assim, enfeitei meu vestido

perfumei os cabelos

beijei-te o lábio

na margem de teu vôo.

Do pistilo saboreado

quase fiz um fruto nomeado.

Quase...

 

Lamento arcano

das janelas molhadas

escorrem os nomes

deste mel silenciado.

Quase um ônix estilhaçado.

Quase...

 

Uma história de polens

orquestrados.

Quase aspirou o cio castanho

semeado

no nanquim que tudo diz

da pincelada que quase...

quase secou.

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