quarta-feira, 26 de novembro de 2008




bico e a pena contam-lhe os dedos

E o sorriso flui nos vidros cirandados.

Delicada gramatura e vida na ponta dos lábios.

Arcanos aguados no escuro e no claro

— o espírito e ferrolho nos traços.

Outrorapincéis calados batizam tintas

nas mãos ressecadas e folhagens são

tenras cúmplices, de sinceras telas

sussurrando às sombras das paredes internas.

arame forma-lhe à história

e o gesso a própria forma olvida.

ouro sincero bebe o nome na curva e no gesto.

Na borra, a dança quase pronta.

Na terra, o vôo prometido.

E a pincelada vinga

curva da rosa e a fenda da tulipa.

carvão jamais confessa o gozo

e o pastel traça plena, a fêmea:

Vem... Olha-me de novo.

 

 

 

Ana Magalhães

(desenho: O Bico e a Pena, Ana Magalhães)

Nenhum comentário: