O bico e a pena contam-lhe os dedos
E o sorriso flui nos vidros cirandados.
Delicada gramatura e vida na ponta dos lábios.
Arcanos aguados no escuro e no claro
— o espírito e ferrolho nos traços.
Outrora, pincéis calados batizam tintas
nas mãos ressecadas e folhagens são
tenras cúmplices, de sinceras telas
sussurrando às sombras das paredes internas.
O arame forma-lhe à história
e o gesso a própria forma olvida.
O ouro sincero bebe o nome na curva e no gesto.
Na borra, a dança quase pronta.
Na terra, o vôo prometido.
E a pincelada vinga
a curva da rosa e a fenda da tulipa.
O carvão jamais confessa o gozo
e o pastel traça plena, a fêmea:
Vem... Olha-me de novo.
Ana Magalhães
(desenho: O Bico e a Pena, Ana Magalhães)
Nenhum comentário:
Postar um comentário