quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Um Livro

Gostaria de escrever um romance

das linhas que me habitam.

Descrever o sombreado e as luzes

e a terra vermelha do meu passado.

Contar a floresta deste tempo

e o indivíduo (outono) do acaso...

Doceamor conturbado,

secreto em longínquos vasos.

 

Neste livro teria a pergunta

que não me fala diante dos olhos.

Teria a sede das entrelinhas

e o sopro tão tênue das ruas...

Perene e vazia encontraria a saída

neste brancoNão.

Seria apenas mais uma utopia,

capa desenhada, bem articulada

nas memórias desta pele e árvore

de mentirasMeu fruto contaria

os invernos e o corpo das olarias.

 

E, euepígrafe nas noites em

que tu habitas a última força

do nanquim e minha maldade

neste traçoNão me olhes assim...

Sou negra e letra na folha que não vivi,

sou a voz e a faca desta água escassa.

Apenas o fio entre o pincel e o nada.