Gostaria de escrever um romance
das linhas que me habitam.
Descrever o sombreado e as luzes
e a terra vermelha do meu passado.
Contar a floresta deste tempo
e o indivíduo (outono) do acaso...
Doce, amor conturbado,
secreto em longínquos vasos.
Neste livro teria a pergunta
que não me fala diante dos olhos.
Teria a sede das entrelinhas
e o sopro tão tênue das ruas...
Perene e vazia encontraria a saída
neste branco? Não.
Seria apenas mais uma utopia,
a capa desenhada, bem articulada
nas memórias desta pele e árvore
de mentiras. Meu fruto contaria
os invernos e o corpo das olarias.
E, eu, epígrafe nas noites em
que tu habitas a última força
do nanquim e minha maldade
neste traço. Não me olhes assim...
Sou negra e letra na folha que não vivi,
sou a voz e a faca desta água escassa.
Apenas o fio entre o pincel e o nada.
Um comentário:
Subscrevo!
Postar um comentário