quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Enleios

Adorno-me de histórias

nos teus longos cílios.

 

Teu sorriso de menino

soprou-me dragões e heras

 

e nas asas desses mitos

conto lágrimas nas conchas,

 

tão sozinhas conchas

de noites e meninas.

 

Seus vestidos não giram

mais como tulipas d’água,

 

aquelas uma vez semeadas

nas marés dos azeviches...

 

Delicados dedos nesse sorriso

e na ciranda um sonho de sementes.

 

Repares, a nota nos meus negros

ditam luzes de raízes, terras de mim ou de ti.

 

Tocam auroras e vôos que não me sei,

águas que apenas imaginei...

 

Vês. Essas letras intentam

alma das árvores, a lama

 

da argila deitada à beira no teu rio.

Teus longos cílios talvez

 

não entendam as partituras

de algodão e trançasmas saiba...

 

esse sopro na nota tênue,

no céu distante de lentes

 

deixa-nos etéreo ao movimento dos peixes.

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