quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Do Barro

Y cuando cantan, parece que están solos
Y cuando miran , parece que están solos
Y cuando sienten, parece que están solos

(Poetas Andaluces, Rafael Alberti, Água Viva)

 

 

Verso...

Acalanta-me no silêncio

destas portas negras e

ébrias que desconheço.

No frio destas entrelinhas

carrego um solstício.

E nas mãos uma nota

penas de sol.

Tempo de linhas

puídas e mós.

 

Verso...

Colhe as maceras

das raízes suspensas,

acene clamores nas árias.

Nos sinos, vejo telas e eras

entoando a sombra da terra.

 

Verso...

Na chuvaminha areia e relva

não caminhadas, descalças,

escrevem pequenas claves

partidas,

no intento toque

que nunca alcancei.

 

Verso...

Toma-me destas vinhas

nunca colhidas,

olvidas.

Pois tu sabes

de meus lagares

asas mergulhadas

nas folhagens.

 

Verso...

Aceita minha volta,

pequenina, no vácuo,

calada no lapso

do barro

que ninguém

nunca

formou.

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