Para o tablado vivo, meu amigo Laudo
O láudano nos livros
esparge verdes versos
nos teus mansos vitrais.
Letras de retina,
por vezes um mel de eras de poetas,
por vezes castanhos de escritores
nos séculos na perfeita dança do passo.
Perenes, cirandam letras no laudo;
teus olhos cedem a cor conforme os traços
e teu corpo às plumas
e os vôos de todos os pássaros.
Das claves precisas ouve-se do poema
o denso riso, a nota adocicada nos poros:
tornas-te a própria Poesia em cálice.
Entregas-te a Ela como rosácea esculpida.
Dá-nos as sedes e derrama-nos
o eterno aos lábios d’alma.
Tens humildade, vida e morte
nas páginas de eras.
Folheia-nos espíritos,
ensina-nos os insaciáveis vícios
banhados da Arte à escrita.
Do corpo a palma,
tudo em harmonia no tablado:
o Verbo apaixonado.
Ana Magalhães
Um comentário:
insana
Para Ana Magalhães, com carinho, saudade e um beijo
ana encanta
como uma pedra preciosa
e chega com cacos de vidros
e gotas de chuva em arrozais
garoa sobre mim e me deixa presa
na perspectiva de um cruzamento
de ruas numa avenida
paulista
deliciosamente rouca
cheirando à tinta e cigarro
desenha loucuras tão vermelhas
que estou perdendo o juízo
e o trunfo nesse jogo de copas
de poesias e olhares
querendo ter nas mãos
todas as damas valentes insanas
com a insensatez
encoberta pela fumaça
e barulho dos carros
a maior boca
que desejo é da ana
e quero seu corpo
esculpido
nos monumentos
da cidade
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