quarta-feira, 26 de novembro de 2008


Para o tablado vivomeu amigo Laudo

 

láudano nos livros

esparge verdes versos

nos teus mansos vitrais.

 

Letras de retina,

por vezes um mel de eras de poetas,

por vezes castanhos de escritores

 

nos séculos na perfeita dança do passo.

Perenes, cirandam letras no laudo;

teus olhos cedem a cor conforme os traços

 

teu corpo às plumas

e os vôos de todos os pássaros.

Das claves precisas ouve-se do poema

 

denso riso, a nota adocicada nos poros:

tornas-te a própria Poesia em cálice.

Entregas-te a Ela como rosácea esculpida.

 

Dá-nos as sedes e derrama-nos

eterno aos lábios d’alma.

Tens humildadevida e morte

 

nas páginas de eras.

Folheia-nos espíritos,

ensina-nos os insaciáveis vícios

 

banhados da Arte à escrita.

Do corpo a palma,

tudo em harmonia no tablado:

Verbo apaixonado.

 

Ana Magalhães


Um comentário:

Adrianna Coelho disse...


insana

Para Ana Magalhães, com carinho, saudade e um beijo


ana encanta
como uma pedra preciosa
e chega com cacos de vidros
e gotas de chuva em arrozais
garoa sobre mim e me deixa presa
na perspectiva de um cruzamento
de ruas numa avenida

paulista
deliciosamente rouca
cheirando à tinta e cigarro
desenha loucuras tão vermelhas
que estou perdendo o juízo
e o trunfo nesse jogo de copas
de poesias e olhares
querendo ter nas mãos
todas as damas valentes insanas
com a insensatez
encoberta pela fumaça
e barulho dos carros

a maior boca
que desejo é da ana
e quero seu corpo
esculpido
nos monumentos
da cidade